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| O técnico Delio Rossi explode de felicidade: não foi para menos. |
Por João Pedro Almeida, @tdsobreocalcio
O jogo era válido pela Serie A da temporada 2008/2009. Em jogo estava algo além de uma das maiores (quiçá a maior) rivalidades da Velha Bota. A Roma estava brigando pelo título com a Inter e estava levando a pior. Uma derrota significaria o adeus à briga pelo scudetto.
Já a Lazio encontrava-se sem grande pretensões no certame, mas tinha a chance de botar água no chopp gialorosso. Era a oportunidade de ouro para tirar o título das mãos romanistas e frustar seus maiores rivais. Para isso, os laziales lotaram o Stadio Olimpico para torcer pelo seu time.
Delio Rossi, técnico da Lazio na época, armou um time no 4-3-1-2 para enfrentar o 4-4-1-1 romanista de Luciano Spalletti, que ainda sonhava com a utopia que era o título italiano naquela temporada. Porém, quando falamos de rivalidade, às vezes estragar a alegria do outro é mais importante que promover a sua própria. E foi com essa mentalidade que o time biancoceleste foi a campo.
A sensação que era passada era a de tensão muito mais pela torcida do time que não brigava por mais nada no campeonato, mas que possuía um ódio mortal pelo seu rival. A tensão só aumentava a cada vez que a Roma tocava na bola. E teve seu ápice quando o time giallorossi abriu o placar, em uma jogada, no mínimo, inusitada. Após jogada que aparentava não dar em nada, a zaga laziale tentou afastar a bola, mas ela encontrou a cabeça de Taddei, que "sem querer querendo" abriu o placar.
Paralelo a este resultado, a Inter empatava com o Genoa, o que melhorava ainda mais a situação romanista, que se via cada vez mais próxima da primeira colocação.
Mas, se a Roma contou com a sorte para inaugurar o marcador, a Lazio contou com um jogador de sorte. O pouco brilhante, porém oportunista e predestinado Goran Pandev pegou a sobra de um cruzamento de frente para o gol vazio e empatou a peleja, para a alegria da massa azul no estádio.
O gol, logo no fim da primeira etapa, empolgou os laziale, que passaram a pressionar mais. Porém, com o fim dos quarenta e cinco minutos iniciais, os times foram para o intervalo empatando.
Ambas as equipes voltaram iguais e com os mesmos objetivos para a segunda etapa. Novamente, quem chegava mais era a Lazio, que, aos cinquenta e oito minutos, teve um pênalti marcado a seu favor. Após Bianchi cair na área, Rocchi, o artilheiro do time naquela temporada, converteu a cobrança e virou a partida.
Com o gol, a Roma foi mais para cima, mas a Lazio não se entregou à tática do "ferrolho". Além disso, o iminente empate interista com o Genoa significava que a diferença entre primeiro e segundo poderia diminuir. Porém, como clássico é clássico e o clima da partida começou a esquentar ainda mais. Com a verdadeira cara de Derby della Capitalle, a peleja começou a ter muitas faltas, o que instalou certa tensão no ar.
Nas arquibancadas, ambas as torcidas roíam as unhas e mal se aguentavam em pé. Todavia, o sofrimento romanista diminuiu após Perrota bater no canto de Balota e empatar o jogo. Aí é que tudo mudou. Apesar de o resultado não ser bom no papel, pelo o que o jogo representou, este não era ruim para os romanistas. Pelo fato de terem feito um gol em um mero golpe de sorte e terem atuado pior durante todo o jogo, se contentavam com um dois a dois. Do lado laziale, era vista um apresentação quase que inédita naquele campeonato. Os jogadores deram lugar a gladiadores, como os da época em que Roma era palco de batalhas.
Apesar de todas estas variáveis, o time mandante não conseguia transformar o domínio em gol. Além do mais, do lado adversário, os contra-ataques eram muito perigosos e Vucinic chegou a perder um gol "feito". O jogo estava indefinido, qualquer um poderia sair vencedor. De qualquer maneira, o empate parecia ser o resultado. Isso até os noventa e quatro minutos, quando no ataque laziale um cruzamento despretensioso culminou em um chute mal dado que acabou virando outro cruzamento. Doni e Juan só olharam a bola atravessar a área e chegar aos pés de um laziale. E era lá que estava Behrami. Podemos dizer que o suíço estava no lugar certo, na hora certa. Um chute bastou. A Lazio ganhava um dos mais emocionantes e importantes derbys da década. Delio Rossi corria para um lado e para o outro de felicidade, enquanto a torcida presente explodia. Épico.
Aquele ano não foi marcante para a Lazio. Já para a Roma, foi alcançado um vice-campeonato italiano, assim como um título da Coppa Italia. Mas isso é irrelevante em um clássico. O que podemos dizer é que o time estragou a festa de seu principal rival. E não há título cuja alegria se compare a esta.



