O desinteresse e suas consequências

Pela quarta rodada da fase de grupos da UEFA Europa League, o Atlético Madrid recebeu a Udinese e goleou o time italiano por 4 x 0. A defesa da equipe de Udine levou mais gols nesta partida do que em toda sua campanha na Serie A do Calcio, em 9 jogos.

No Campeonato Italiano foram 3 gols sofridos em 9 jogos, e só nesta partida foram 4. Interessante é que a equipe que foi a campo contava com dois jogadores considerados titulares, ambos da defesa, que tinha a muralha Handanovic no gol e Danilo na zaga (em todos os outros setores - alas, meias, volantes, atacantes foram jogadores reservas). Francesco Guidolin escalou um estranho e bem covarde esquema tático - o 5-4-1 - com os alas muito recuados, fazendo linha com os 3 zagueiros (o já citado Danilo, Domizzi e Ekstrand). Os volantes formavam uma linha de três na frente da zaga, enquanto Fabbrini tenta fazer as vezes de meia de ligação (obvio que ele não conseguiu). O isoladíssimo centro-avante Floro Flores, único atacante de ofício em campo na equipe de Udine, é um bom jogador e sabe fazer gols - Fez um dos dois gols da Udinese no jogo de ida contra o Atlético de Madrid, na vitória por 2 x 0 em casa - mas todas as bolas que chegavam no camisa 83 eram de rasgadas - famoso bicão - da defesa. Nem Messi consegue fazer gols assim, com 8 dos 11 jogadores em campo defendendo, um apenas tentando se aproximar, pois só recebia as já citadas bolas rechaçadas da defesa.

Não há outro adjetivo capaz de descrever o primeiro tempo do time colchonero senão "arrasador". Sem dar espaços e nem chances de gol para o time italiano, que jogava sem seu artilheiro Di Natale, o Atlético de Madri foi amplamente superior ao segundo colocado do Campeonato Italiano.

Com a postura covarde ao extremo dos homens de Guidolin, a equipe do Atlético de Madrid se impôs desde os primeiros minutos, marcando à frente e pressionando o homem da bola (quando não a tinha), como na recuperação de Arda Turan, que puxou contragolpe e serviu para Adrián fazer o primeiro gol do jogo.

O gol precoce só inspiraria ainda mais o time madrilenho, que chegou perto de aumentar a vantagem aos nove, quando Diego bateu escanteio e Falcao cabeceou da primeira trave para o desvio providencial de Domizzi. Atacando rápido e praticamente sem marcação, os espanhois ampliaram logo aos doze minutos, quando mais um golaço foi marcado.

A movimentação e a troca de passes colchonera envolvia completamente a marcação italiana, que não conseguia acompanhar a rápida transição ofensiva dos espanhóis e assim acabou sofrendo o segundo gol, quando Falcao saiu da área para tabelar com Antonio López pelo lado esquerdo, e confundiu a marcação, que não acompanhou Adrián e permitiu que o camisa 7 testasse com liberdade o ótimo cruzamento do lateral e capitão rojiblanco.

A marca registrada do início de primeiro tempo do Atlético eram os passes rápidos, com Diego controlando o meio-campo e Falcao Garcia e Adrián abrindo dos dois lados para armarem as boas chances ofensivas.
A Udinese esboçou uma reação e quase diminuiu aos 23, mas acabou perdendo o ímpeto graças à força dos colchoneros, que não desistiram de pressionar e foram em busca do resultado com base nas tabelas.

Foi também na base do “tiki-taka” espanhol que os donos da casa chegaram ao terceiro gol ainda na primeira etapa, e que gol. Linda jogada coletiva iniciada pela direita, onde Diego recebeu de Arda Turan, carregou pra dentro e enfiou para Falcao deixar de calcanhar para Adrián, que poderia ter feito o seu terceiro, mas preferiu servir para Diego concluir a belíssima jogada iniciada por ele mesmo.

O 4-2-3-1 vermelho e branco que se tornava um 4-3-1-2 em muitos momentos foi como um rolo compressor para cima de uma tímida e acuada Udinese, que tinha uma proposta de se defender até onde desse e tentar um eventual contra ataque, mas viu sua idéia de jogo ir por água abaixo em menos de dez minutos e acabou criando uma única oportunidade na etapa inicial em um erro bisonho do zagueiro Godín, que ofereceu o gol a Fabbrini, mas foi salvo pela boa intervenção do arqueiro Courtois.

A estratégia adotada pela Udinese no segundo tempo foi a mesma de todo clube que tem dificuldades para sair jogando: apertar a marcação e buscar os contra-ataques. O problema é que o time espanhol marcava bem e a última coisa que restava eram espaços.

Mas, mesmo com esses problemas, a equipe italiana bem que melhorou. Adiantou sua marcação, criou algumas chances, mas sem contundência, não foi capaz de ofender o gol espanhol. Ao contrário do time da casa, que em um novo contra ataque puxado por Arda Turan, executou o tiro de misericórdia no gol de Falcao García, gol de um legitimo camisa 9.

Em mais uma falha de marcação de Danilo, o time espanhol quase aumentaria o placar. No contragolpe, Falcao fintou o brasileiro e dividiu com Domizzi. A bola sobrou para Koke, que havia acabado de entrar e quase marcou o quinto gol colchonero. Aos 30, outra oportunidade desperdiçada pelo colombiano, que disparou um petardo com o pé esquerdo e obrigou o esloveno a praticar uma defesa difícil.

Nos últimos minutos, depois de pressionar e não conseguir aumentar a contagem, o Atlético de Madri tocou a bola de lado e aguardou o apito final, sem sustos.

Com o resultado, o Atlético de Madrid alcançou a Udinese na liderança do grupo com sete pontos cada um, mas agora os espanhóis lideram pelo confronto direto (A Udinese ganhou em casa por 2 x 0, mas perdeu fora por 4 x 0).

Na próxima rodada a Udinese visita o Rennes na França. Os jogos acontecem em 1º de dezembro. Se vencer sua partida, a Udinese se classifica de forma direta ao mata-mata da 2ª maior competição da Europa.

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