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Por João Pedro Almeida, @tdsobreocalcio
A década de 80, sem dúvida alguma, foi a mais vitoriosa da história do clube napolitano. Sob a batuta de ninguém mais, ninguém menos que Don Diego Armando Maradona, o clube conquistou praticamente todos os títulos que detém até hoje. O trio de ataque formado pelo argentino, ao lado do italiano Bruno Giordano e do brasileiro Careca é lembrado até hoje, principalmente quando falamos da versão contemporânea deste, menos brilhante, porém tão importante proporcionalmente, formado por Lavezzi, Hamsik e Cavani.
A vitoriosa história dos áureos anos 80 começa com a mudança do nome do clube. A Associazone Calcio Napoli não obtivera resultados expressivos, só uma Coppa Italia, quando ainda estava na Serie B. Com a mudança do nome para Società Sportiva Napoli, em 1964, (que vigora até hoje), também vieram outras mudanças. O time, que havia ficado um bom tempo na segunda divisão, passou a ter bons resultados na elite do futebol italiano. A coroação veio em sua segunda conquista da Coppa Italia, na temporada 1975/1976. Porém, o apogeu só chegou no meio da década de oitenta.
Sem títulos ou resultados expressivos no início da década, o ápice veio na contratação de um jogador. Diego Armando Maradona chegou a Nápoles em 1984 após uma boa temporada no Barcelona, mas que foi marcada pelas suas confusões e problemas extra-campo, como o uso de cocaína, que culminaram em seu desligamento do clube catalão. O craque teve uma recepção de gala diante de um San Paolo lotado de torcedores que criam em uma nova era nos partenopei. Era esta que chegou.
Outra aquisição que ajudou na era de ouro do Napoli foi a de Bruno Giordano, que chegou à província após longa passagem pela Lazio e ajudou o time a conquistar seu primeiro scudetto na temporada de 1986/1987. Aliás, esta temporada foi um início com chave de ouro para uma nova era no clube. Com Maradona como artilheiro da equipe, foram 42 pontos conquistados, três a mais que a Juventus, segunda colocada naquele certame. Os partenopei alcançaram a liderança na nona rodada, em vitória de virada contra a Vecchia Signora, e permaneceram assim até o final.
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| Bruno Giordano (Foto:storiedicalcio.org) |
Foi uma campanha memorável. Naquele mesmo ano, Dieguito já chamara a atenção do mundo ao comandar a Argentina na Copa de 1986, na qual foi eleito o melhor jogador. E ele também foi o responsável por comandar uma equipe que tinha também Bruno Giordano e Andrea Carnevale brilhando. Eles fizeram cinco e oito gols, respectivamente, naquele campeonato e levaram o Napoli ao seu primeiro título nacional.
Além do scudetto, aquele ano também levou outro importante título para os azzurri. Sua terceira Coppa Italia chegou após uma épica vitória sobre a Atalanta na final. A Velha Bota inteira viu os comandados do técnico Ottavio Bianchi fazerem quatro a zero na Atalanta e levantarem a taça novamente.
O time daquele ano é lembrado até hoje pelos mais saudosistas napolitanos. Dentre os já citados craques, também estavam bons jogadores como o meio campista Salvatore Bagni e a sólida zaga que tinha Ferrario e Renica. Ferrario é o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do time na história.
Para somar a esse vitorioso plantel, no ano de 1987, quem chegou foi o atacante brasileiro Careca, já antigo sonho do clube. Após ter sido vice-artilheiro da Copa do Mundo de 1986, ele chegou para ser protagonista ao lado de Maradona e Giordano. E conseguiu.
Atual campeão, Napoli defendeu seu scudetto naquela temporada, porém, uma derrota de virada em casa, contra a Sampdoria frustrou o sonho napolitano, que viu o Milan ser campeão. Porém, o mundo via surgir o trio da MaGiCa napolitana, conhecido até hoje como um dos maiores trios ofensivos da história do esporte bretão. Maradona, Giordano e Careca podem não ter saído com o título nacional, mas saíram com o reconhecimento devido. O argentino foi o artilheiro, com quinze gols, seguido pelo brasileiro, com treze, enquanto o italiano marcou oito na competição.
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| Da esquerda para a direita: Careca, Maradona e Giordano. O trio da MaGiCa napolitana marcou época na Itália (Foto: Vivadiego.com) |
Na temporada seguinte, mais um vice campeonato para os azzurri. Onze pontos atrás da campeã Inter, o time também teve de lidar com a saída de Giordano, o que deu vida curta ao tão famoso trio. Foi mais um ano em que Careca brilhou, com dezenove gols no certame, sendo vice-artilheiro deste, atrás apenas de Serena, da campeã Internazionale.
Porém, o que marcou aquela temporada não foi o segundo vice-campeonato seguido e sim um inédito título internacional. O clube conquistou a extinta Copa da UEFA contra o Stuttgart, após ganhar um jogo por 2 a 1 e empatar o outro por 3 a 3. Naquele mesmo ano, mais um vice-campeonato, desta vez da Coppa Italia, diante da Sampdoria. Aquele time pode ter sido o melhor da era. Além de craques já citados, o time ainda contava com jogadores como Alemão, De Napoli e Francini.
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| Maradona e o troféu da Copa UEFA (Foto: forzaitalianfootball.com) |
A temporada que sucedeu a de 1988/1989 coincidiu com o fim da década e o fim da era Maradona no Napoli. Mas o fim foi glorioso. Mais um scudetto na conta dos partenopei com bela participação do argentino, de Careca e de Carnevale. Foi mais um ano de ouro para coroar e acabar com a mais vitoriosa geração do clube. Isso porque após mais uma bela campanha daquele memorável time, o seu maior craque foi pego no antidopping com cocaína e, consequentemente, expulso da agremiação.
Os anos seguintes reservaram a pior época da história do clube, que mergulhou em uma crise financeira e chegou à falência. Mas isso é história para depois. Quem sabe daqui a pouco tempo estarei escrevendo sobre como Cavani e cia marcaram época em Nápoles...




Oh vita, oh vita mia...
Oh cuore di questo cuore...
sei stata il primo amore...
e il primo e l'ultimo sarai per me!