Por Luis Felipe Mendes
A segunda rodada das oitavas de finais da Champions League voltou trazendo as emoções à flor da pele. O Milan, que achava que tudo estava definido com os 4 x 0 no San Siro, tomou um sufoco do Arsenal e quase viu a vaga ir para o brejo, ou melhor, para Londres.
A segunda rodada das oitavas de finais da Champions League voltou trazendo as emoções à flor da pele. O Milan, que achava que tudo estava definido com os 4 x 0 no San Siro, tomou um sufoco do Arsenal e quase viu a vaga ir para o brejo, ou melhor, para Londres.

Abbiati fez milagre no segundo tempo e garantiu a vaga rossonera. Por cinco vezes o goleiro salvou sua equipe com defesas espetaculares.
Em Londres, o Milan entrou no jogo soberbamente desleixado. O time entrou em campo em uma variação de 4-3-3 para 4-3-1-2, quando Ibra, El Sharaawy ou Robinho vinha trabalhar nos 3/4 deixando os outros dois na frente. Um time ofensivo. Ofensivo até demais para quem tinha só que manter uma boa vantagem de 4 gols.
Já o Arsenal veio com um time muito ofensivo. Wenger escalou sua equipe no 4-2-3-1: Rosicky e Song eram volantes, Walcott, Chamberlain e Gervinho compunham a linha dos três meias-atacantes, logo atrás do artilheiro Robin Van Persie, centro-avante da equipe.
Os rossoneri jogaram todo o primeiro tempo naquela de que "vamos levando até acabar". Porém esta tática começou a se mostrar falha. Aos 7, Chamberlain bateu escanteio da esquerda e o zagueiro Koscielny subiu para cabecear pro fundo do gol. 1 x 0 para o time da casa. O gol logo cedo animou o time gunner e sua torcida, que empurrava o time pra frente.
Se o Arsenal fazia um grande jogo, não podemos dizer o mesmo do Milan. Ibrahimovic e Robinho faziam partida discreta na frente, enquanto El Sharaawy era o único dos três atacantes a tentar algo ofensivamente, se esforçando muito. O forte ataque dos rossoneri fez péssima partida, sem segurar a bola no ataque. E por isso só dava Arsenal, que pressionava demais a defesa rossonera. Aliás, o que teve de passe errado no meio-campo... Por duas vezes Van Persie esteve perto de marcar, aproveitando falhas defensivas da equipe visitante.
Até que aos 25 a pressão surtiu efeito. Walcott fez bom lance pela direita e cruzou rasteiro. Em uma rara falha, Thiago Silva errou corte e deixou a bola limpa para Rosicky na entrada da área. O meio-campista tcheco, que fazia excelente partida, bateu no cantinho e ampliou a vantagem: 2 x 0. Muitos diziam que o zagueiro brasileiro não era tudo isso, é superestimado... Bem, um zagueiro que cortou 90% das bolas que chegaram e que falhou em um gol, não merece tal crítica.
Mas voltando ao jogo: O roteiro da peleja seguia o mesmo: Tentativas de contra-ataque do Milan sempre paradas pelos defensores dos Gunners, e rápidos contra-ataques dos velozes atacantes do Arsenal para pegar a defesa rossonera de surpresa.
Até que aos 41, ocorreu o lance polêmico do jogo: Chamberlain invadiu a área e se jogou, quando percebeu a chegada de Nocerino e Mesbah. O arbitro marcou o penalti equivocadamente. Na cobrança, Van Persie deslocou Abbiati e fez 3 x 0 no fim do primeiro tempo. A partir daí, todos passaram acreditar em uma possível classificação gunner.
Allegri viu o Arsenal fazer um, dois, três a zero e dando um sufoco danado. Percebendo que a corda já estava no pescoço, e o fantasma de La Coruña (Na temporada 2003-04, o time milanista abriu 4 a 1 no jogo de ida, mas os espanhóis reverteram o placar com um 4 a 0 marcado como a grande vitórias da história do clube) já rondando o lado vermelho e preto de Milão, o técnico deu uma chacoalhada no time, que resolveu jogar no 2º tempo, mas que já não sabia se defendia ou se atacava. Um gol levaria o jogo para a prorrogação, mas um gol a favor, obrigaria os gunners a marcar mais três.
Controlando melhor o jogo no segundo tempo, o Milan viu teve chance aos 52', quando Ibrahimovic recebeu belo passe de Robinho na área e finalizou. Sczezsny saiu desesperado do gol e rasgou a bola pela lateral. Mas aos 58', Abbiati brilhou: Gervinho recebeu livre na esquerda e chutou desviado em Mexes. Abbiati pegou no reflexo. O rebote ficou oferecido para Van Persie, na pequena área, que tentou toque de cavadinha. Defesa brilhante do arqueiro rossonero. O gol neste momento acabaria com o ímpeto do Milan...
Aos 62', nova chegada do Milan que já era melhor no jogo neste momento: Ibrahimovic, que cresceu muito na segunda etapa aproveitou saída errada do goleiro Szczesny, e recebeu a bola em seu pé, na intermediária. O sueco foi afobado e acabou chutando no susto, jogando ao lado do gol vazio. Grande chance perdida pelos rossoneri, que poderia fazer falta.
Na metade do segundo tempo, Allegri enfim percebeu o problema de seu time: A criatividade no meio de campo. Foi aí que ele tirou o atacante El Sharaawy, que havia perdido um gol incrível no fim da primeira etapa, e pôs o meio-campista Aquilani. Foi aí que o time cresceu: Ganhou qualidade e passou a dominar o jogo.
Mas enquanto Allegri fechava seu time, Wenger abria o seu. Tirou Chamberlain e pôs Chamakh, mudando para o 4-4-2 linhas. Posteriormente ele ainda colocaria Park Chu-Young no lugar de Walcott, que saiu lesionado, mudando sua equipe para um insano 4-2-4. Diante de um time tão perigoso nos contra-ataques como o Milan, esse esquema era de uma insanidade absurda.
E foi aí que os visitantes cresceram. Mesmo com o Arsenal jogando com vários atacantes, quem passou a criar as melhores foi o Milan, como em chegadas aos 75' e 79'. Mas o destaque fica para o incrível gol perdido por Nocerino. Aquilani, que entrou muito bem, e Emanuelson, que cresceu jogando trequartista, tabelaram e o camisa 18 cruzou para a pequena área. Nocerino completou mandando a bola em cima do goleiro!!
Enquanto a tensão dominava em campo, o nervosismo predominava nas arquibancadas e em milhares de casas ao redor do planeta. Mas no final, o placar adverso de Milão fez a diferença contra o Arsenal. O jogo terminou com o Milan mantendo a posse da bola no campo de ataque, tática usada nos minutos finais. Mesmo com todo a entrega dos ingleses, os milanistas levaram a vaga, mas é bom abrir o olho que outro vacilo como esse pode custar a classificação das quartas para as semifinais.
Texto também com colaboração de Caio Dellagiunista
Texto também com colaboração de Caio Dellagiunista
